Terça, 24 de Junho de 2025

Bolsonaro pode anunciar apoio a Tarcísio ainda este ano.

Isolado, ex-presidente enfrenta barreiras jurídicas para 2026

23/06/2025 às 22:34
Por: Redação

A pressão para que Jair Bolsonaro (PL) oficialize, ainda em 2025, seu apoio à candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) vem crescendo entre os principais líderes do Centrão. A articulação nos bastidores busca consolidar o nome do atual governador de São Paulo como alternativa da direita à sucessão presidencial de 2026, diante do cenário de inelegibilidade do ex-presidente.

De acordo com a coluna de Igor Gadelha, há consenso entre caciques partidários de que Bolsonaro começa a “cair na real” quanto à inviabilidade de disputar as eleições. Isolado institucionalmente, o ex-presidente teve frustradas suas tentativas de evitar condenações no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional, o que fortalece a tese de que ele ficará fora da corrida presidencial.

Nesse contexto, o Centrão avalia que a definição precoce do apoio a Tarcísio permitiria montar com mais segurança alianças políticas, composições regionais e estratégias eleitorais, já que a legislação exige que o governador deixe o cargo até abril de 2026 para se candidatar ao Planalto.

Além de cobrar o apoio público de Bolsonaro, partidos do Centrão também desejam influenciar diretamente na formação da chapa. A maioria das legendas quer indicar o nome para vice, como contrapartida ao endosso político. 

 

Tarcísio cresce nas pesquisas

A movimentação em torno do nome de Tarcísio é sustentada por seu crescimento nas intenções de voto. Pesquisa Datafolha divulgada em 14 de junho aponta que o governador paulista aparece numericamente à frente de Lula em uma simulação de segundo turno: 43% contra 42%. Embora a diferença esteja dentro da margem de erro, representa avanço expressivo em relação ao cenário de abril, quando Lula liderava com 48% e Tarcísio tinha 39%.

No primeiro turno, o presidente ainda figura na frente, variando entre 36% e 38%, impulsionado por sua posição isolada à esquerda, já que os adversários se dividem entre nomes da direita. No entanto, sua aprovação caiu para 28%.

 

Outros cenários e desgaste de Lula

O Datafolha também testou outros nomes ligados ao bolsonarismo. Lula venceria Michelle Bolsonaro por 46% a 42%, uma diferença quatro pontos menor que a registrada em abril. Contra Flávio e Eduardo Bolsonaro, o petista teria 47% e 46%, enquanto os dois aparecem com 38%.

A única simulação sem Lula coloca Fernando Haddad (PT) atrás de Jair Bolsonaro, com 40% contra 45%. No levantamento anterior, o ministro da Fazenda liderava a disputa.

Embora o presidente mantenha a dianteira no primeiro turno, os dados indicam desgaste crescente de sua imagem, especialmente quando se observa a tendência de queda nas margens de vitória sobre possíveis adversários de direita.

 

Corrupção e percepção pública

Outro fator que alimenta esse desgaste é a percepção de corrupção. Segundo pesquisa da Latam Pulse realizada em maio, 60% dos entrevistados consideram a corrupção o maior problema do Brasil — um salto de 13 pontos em relação ao índice anterior de 47%.

Esse aumento ocorre após o escândalo envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Para 57% dos participantes do estudo, é muito provável que o país enfrente novos casos de grandes fraudes. Apenas 10% acham essa possibilidade improvável.

 

Avaliação positiva em São Paulo

Enquanto isso, Tarcísio mantém bons índices de aprovação em seu estado. Segundo pesquisa do Instituto Futura Inteligência divulgada em 16 de junho, 51% dos entrevistados classificam sua gestão como ótima ou boa, enquanto 18,9% reprovam seu desempenho. Outros 28,8% consideram a gestão regular e 1,2% não souberam ou não quiseram responder.

A avaliação positiva teve alta de 2,8 pontos percentuais em relação ao levantamento de março. A reprovação caiu 1,8 ponto no mesmo período. Quando questionados sobre a aprovação geral da gestão, 67,8% disseram aprovar, contra 28% que desaprovam. A margem de erro é de 3,1 pontos, com entrevistas feitas entre 24 e 27 de maio com 1.000 eleitores de São Paulo com 16 anos ou mais.

 

Disputa interna deve dominar a direita em 2025

Com o nome de Tarcísio ganhando força nas pesquisas e o futuro político de Bolsonaro indefinido, a definição do apoio e da composição da chapa presidencial se tornou o principal ponto de tensão na direita.

A expectativa é de que a disputa entre o Centrão e a ala mais próxima da família Bolsonaro se intensifique ao longo do segundo semestre de 2025, com impacto direto na estruturação da campanha da oposição.